Dados do Resumo

Título

Avaliação do consumo de tabaco e o impacto prognóstico na coorte de pacientes participantes de pesquisa do ICESP

Introdução

Os casos de câncer associados com fatores de risco representaram quase metade, 42% e 44,4% dos casos globais de incapacidades decorrentes da doença e de mortes causadas por câncer no ano de 2019, respectivamente. O consumo de tabaco é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer em homens e mulheres, contudo, a influência do tabagismo no prognóstico do câncer das diferentes topografias ainda necessita ser elucidado.

Objetivo

Avaliar o consumo de tabaco e o impacto prognóstico na coorte de pacientes do ICESP selecionados para projetos de pesquisa do Biobanco.

Métodos

O presente estudo é uma análise observacional retrospectiva de pacientes incluídos (2015 a 2023) no Biobanco do Centro de Investigação Translacional em Oncologia (CTO) do ICESP do HCFMUSP. O projeto foi aprovado no CEP da instituição (CAAE: 76122823.1.0000.0068).
Todos os pacientes foram consentidos com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e responderam o questionário epidemiológico. A partir dos dados, os pacientes selecionados tinham idade igual ou acima de 18 anos, diagnóstico de câncer e TCLE do Biobanco assinado.
Os dados foram extraídos da plataforma REDCap e não foram feitas consultas ao prontuário eletrônico. A análise estatística foi realizada através do software R e RStudio. As variáveis categóricas foram analisadas com o método Chi-quadrado. A análise de risco univariada para sobrevida global foi obtida através da regressão de Cox e organizado com forest plot.

Resultados

Analisamos uma coorte de 5210 casos divididos nas topografias: cabeça e pescoço (609), gastrointestinais (1173), respiratórios (197), hematopoiético e linfático (287), pele (111), sistema nervoso e olhos (175), tecido conjuntivo (31), mama (1022), ginecológicos (231), próstata e órgãos genitais (878), aparelho urinário (265) e tireoide (231).
O consumo de tabaco foi fator de risco para tumores em órgãos gastrointestinais (fumava no passado, HR=1,24(1,02-1,52), p=0,035), sistema hematopoiético e linfático (fuma atualmente, HR=1,92(1,13-3,25), p=0,015) e próstata e órgãos genitais masculinos (fuma atualmente, HR=1,84(1,11-3,06), p=0,019).
Tempo de tabagismo acima de 20 anos foi um fator prognóstico para órgãos gastrointestinais (HR=1,29(1,07-1,57), p=0,009) e sistema nervoso e olhos (HR=1,94(1,17-3,23), p=0,011).
A carga tabágica acima de 20 maços-ano foi um fator de risco para órgãos gastrointestinais (HR=1,39(1,12-1,72), p=0,002) e sistema nervoso e olhos (HR=1,97(1,08-3,60), p=0,027).

Conclusões

O consumo de tabaco demonstrou ser um fator prognóstico para algumas topografias. Em destaque, a maior carga tabágica e o maior tempo de exposição demonstraram efeito de risco aumentado para os tumores de órgãos gastrointestinais e sistema nervoso e olhos. Considerando as limitações do estudo, destaca-se a necessidade de acompanhamento dos hábitos de vida após o diagnóstico de câncer para futuras elucidações de fatores que interferem no prognóstico do paciente.

Financiador do resumo

Financiamento próprio.

Palavras Chave

Sobrevida; Tabagismo; Razão de risco