Dados do Resumo

Título

Nomograma para predizer óbito em pacientes com câncer gástrico no Estado de São Paulo, 2000-2020

Introdução

O câncer gástrico apresenta incidência e mortalidade alta para ambos os sexos segundo estimativas da GLOBOCAN em 2022. Se estimaram 427.575 óbitos em homens e 232.600 óbitos em mulheres no Mundo, ocupando o 4º e 6º lugar respectivamente em relação aos outros tipos de câncer. A sobrevida em 5 anos varia segundo o tipo histológico e estadiamento da doença, de forma geral a probabilidade de sobrevida em 5 anos é aproximadamente de 20%. O nomograma é uma ferramenta estatística que permite criar escores para os diferentes fatores relacionados com o desfecho de interesse e é amplamente utilizado na área de oncologia.

Objetivo

Construir um nomograma para predizer a morte em pacientes com câncer gástrico utilizando informações de registros hospitalares de câncer.

Métodos

Informações anonimizadas de pacientes diagnosticados com câncer no Estado de São Paulo são disponíveis no site da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP). Incluímos neste este estudo pacientes adultos (≥18 anos), de ambos os sexos, diagnosticados entre 2000 e 2020. A regressão logística binária foi utilizada para a construção do modelo de predição da mortalidade considerando como variáveis preditoras: idade (em anos), sexo, histologia, estadiamento clínico, metástase e realização de tratamento. O nomograma foi construído com todas as variáveis categóricas exceto a idade que foi considerada como variável quantitativa em anos. Nível de significância foi estabelecido em 5%, as análises foram realizadas no STATA for Windows v.14.

Resultados

Neste estudo se incluíram 29.539 tumores gástricos, os tumores mais frequentes foram os adenocarcinomas SOE (sem outra especificação) (15.235 casos, 51,6%). A média da idade foi de 63,2 anos e 66,1% dos casos eram homens. No período de 2000 a 2020 ocorreram 24.012 óbitos (81,5%). Todas as variáveis incluídas no modelo múltiplo foram associadas com o óbito. O nomograma construído apresentou maior pontuação para os tumores com estadiamento clínico IV (escore 10), tumores com estadiamento III e X (sem informação de estadiamento) tiveram comportamento muito próximo (escore 6). Adenocarcinomas SOE e adenocarcinomas papilares apresentaram escores próximos a 3. Pacientes que não realizaram tratamento, com metástase, estadiamento clínico IV, adenocarcinoma papilar, sexo masculino e idade acima de 70 anos apresentaram maior probabilidade de óbito.

Conclusões

Pacientes com câncer gástrico são diagnosticados em estadiamento avançado (III e IV), aumentando a probabilidade de óbito em um curto período após o diagnóstico. Todavia, isso implica muitas vezes que não cheguem a realizar um tratamento com intenção curativa. O avanço do uso de inteligência artificial permite em muitos casos predizer a ocorrência de doenças, mas ainda não é possível mudar condutas na população nem políticas públicas para evitar a ocorrência de tipos de câncer relacionados com hábitos modificáveis.

Financiador do resumo

Nada a declarar

Palavras Chave

Cancer gástrico; nomograma; mortalidade