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Dados do Resumo


Título

MORTALIDADE POR CÂNCER RELACIONADO AO PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) E VACINAÇÃO NO BRASIL

Introdução

No Brasil, há poucos estudos sobre tendências de mortalidade por câncer canal anal/ânus, vulva/vagina e pênis, relacionados ao papilomavírus humano (HPV), e, portanto, evitáveis, assim como câncer de colo de útero e orofaringe. No mundo, em 2012, estima-se que aproximadamente 100% dos cânceres de colo de útero, 88% dos cânceres de canal anal, 78% dos cânceres vaginais, 50% dos cânceres de pênis, 24,9% dos cânceres vulvares foram causados pelo HPV, enquanto, para o câncer de orofaringe, a fração atribuível varia, sendo mais elevada nos países desenvolvidos. No Brasil, a vacinação contra o HPV está incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2014.

Objetivo

Descrever as taxas e tendências de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV no Brasil e suas Unidades da Federação de 1996 a 2019, bem como as doses das vacinas contra o HPV administradas no Brasil em 2022.

Métodos

Os dados de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV (C01-02, C05, C09-10, C21, C51-53, C60) foram extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Unidades da Federação com mais de cinco anos sem dados de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV na base de dados do DATASUS foram excluídos da análise. Foram calculadas taxas de mortalidade padronizadas por idade. A variação percentual anual média (AAPC) foi calculada usando o Programa de Regressão Joinpoint. O número de doses de vacinas aplicadas no Brasil e seus estados para HPV foi extraído da base de dados do DATASUS de acordo com o PNI. A cobertura vacinal total, bem como as coberturas das primeira e segunda doses em 2022, para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, foi calculada pelo método de cobertura cumulativa estratificada por coorte etária. O numerador foi a soma cumulativa das doses de vacina administradas a cada coorte desde o primeiro ano em que se tornaram elegíveis. O denominador foi o número de residentes elegíveis em cada local em 2022.

Resultados

No Brasil, durante o período, ocorreram 214.513 mortes por cânceres relacionados ao HPV. A Taxa Média Acumulada de mortalidade padronizada de todos os cânceres relacionados ao HPV, no Brasil, nos primeiros cinco anos (1996-2000) foi de 4.733 e 5.180, ambos por 100 mil habitantes nos últimos cinco anos da série histórica (2015-2019) com tendência de aumento (AAPC=0,369; IC95% 0,02-0,73). As taxas de mortalidade para os cânceres anais e de orofaríngeos em ambos os sexos, vulva/vaginal e pênis apresentaram tendência crescente, enquanto para o câncer do colo do útero permaneceu estável. Os maiores incrementos nas taxas de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV concentraram-se nas regiões Norte e Nordeste. No Brasil, a cobertura vacinal contra o HPV na primeira dose para o sexo feminino foi de 76,71%, e, para a segunda dose, de 55,11%, com maior cobertura no Paraná (77,53%) e a menor no Acre (21,55%). Já para o sexo masculino, foi de 53,09% na primeira dose e de 34,01% na segunda dose. A maior cobertura foi observada no Paraná (59,22%), a menor, no Acre (7,99%).

Conclusões

No Brasil, a mortalidade por cânceres associados ao HPV apresentou estabilidade para o câncer do colo do útero e aumento em todas as outras topografias. A cobertura vacinal não foi satisfatória, especialmente entre os meninos.

Palavras Chave

câncer relacionado ao HPV; Vacinação; mortalidade

Área

4.Epidemiologia e Prevenção

Autores

ITALO MATHEUS DIAS DE ANDRADE, Gisele Aparecida Fernandes, Maria Paulo Curado