Dados do Resumo
Título
Diferenças na sobrevida por câncer gástrico intestinal e difuso no Estado de São Paulo, 2000-2020
Introdução
Para 2022 estimaram-se 627.458 novos casos de câncer de estômago em homens e 341.326 em mulheres no Mundo, ocupando o 4º e 7º lugar respectivamente. Hábitos alimentares (consumo excessivo de carnes vermelhas, consumo de alimentos ultraprocessados, pouco consumo de frutas e verduras), estilo de vida (consumo de tabaco e álcool), infecção por helicobacter pylori e fatores genéticos são conhecidos fatores de risco para este tipo de câncer. Em relação à sobrevida, os pacientes geralmente são diagnosticados em estágios avançados, com sobrevida em 5 anos de aproximadamente 20%.
Objetivo
Comparar a sobrevida global entre tumores gástricos intestinais e difusos; e avaliar a sobrevida em 5 anos de acordo com o ano de diagnóstico de acordo com histologia e estádio clínico.
Métodos
O Sistema de Registros Hospitalares de Câncer (SISRHC) da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), fornece informações sobre casos de câncer atendidos na rede pública de saúde. Informações anonimizadas são disponíveis no site da FOSP, e para este estudo foram incluídos os casos de câncer gástrico (classificados segundo Lauren e a Organização Mundial da Saúde) diagnosticados entre 2000 e 2020, em pessoas acima de 18 anos de ambos os sexos. Sobrevida global foi calculada em meses, desde a data de diagnóstico até a data de óbito ou última informação, e construídas as curvas de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste de log-rank. Nível de significância foi estabelecido em 5%, as análises foram realizadas no SPSS for Windows v.25.
Resultados
Entre 2000 e 2020 foram diagnosticados 29.539 tumores gástricos, a maioria deles classificados como adenocarcinomas SOE (sem outra especificação) (15.235 casos, 51,6%). A média da idade foi de 63,2 anos, 66,1% dos casos eram homens, e 38,1% tinham ensino fundamental incompleto. O tempo mediano de sobrevida foi de 11 meses, as probabilidades de sobrevida em 1, 3 e 5 anos de forma geral foram 48,9%, 26,2% e 20,5%. Adenocarcinomas SOE apresentaram menor sobrevida, seguido dos carcinomas de anel de sinete (mediana de sobrevida de 9,1 e 11,3 meses respectivamente). Adenocarcinomas do tipo difuso e intestinal apresentaram medianas da sobrevida de 20,5 e 21,8 meses respectivamente (p=0,992). Homens e mulheres apresentaram mais tumores intestinais (67,3% e 58%, respectivamente; p=0,001). Pacientes com 60 anos ou mais apresentaram maior frequência de tumores intestinais comparado com aqueles mais jovens que apresentaram tumores difusos com maior frequência (p<0,001). Probabilidade de sobrevida em 3 anos para aqueles pacientes diagnosticados em 2000 foi de 26,6% e de 25,2% para os diagnosticados em 2020.
Conclusões
Neste estudo encontramos que tumores difusos e intestinais não apresentaram diferenças nas curvas de sobrevida global. De forma geral a sobrevida em 3 anos para o período estudado variou de 22,6% (ano 2001) a 30,3% (2018). Melhorar as condições da população para acesso a alimentação adequada, evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e detecção precoce do câncer gástrico seriam elementos importantes para diminuir a incidência deste câncer.
Financiador do resumo
Nada a declarar
Palavras Chave
Cancer gástrico; registros hospitalares; sobrevida global
Área
4.Epidemiologia e Prevenção
Autores
ROSSANA VERONICA MENDOZA LOPEZ, Amanda Souza Reis Almeida, Luiza Porteiro Carminato, Maria Eduarda Sana Prado, Edia Filomena Di Tullio Lopes