Dados do Trabalho


Título

Peptídeos Sintéticos como Potenciais Inibidores da Proteína ABL

Introdução

A leucemia mieloide crônica (LMC) resulta de um rearranjo entre os cromossomos 9 e 22 que recebe o de cromossomo Filadélfia levando a formação do gene BCR-ABL produzindo uma proteína mutante chamada de BCR-ABL (ABL) envolvida no processo de proliferação e divisão celular. O tratamento da LMC baseia-se em fármacos inibidores de tirosina quinase, contudo o surgimento de fortes efeitos colaterais e resistências demonstra a necessidade de desenvolvimento de novos fármacos por bioinformática.

Objetivo

Este estudo tem como objetivo o design e caracterização de peptídeos sintéticos inibidores da proteína ABL.

Métodos

O desenho dos peptídeos sintéticos foi realizado utilizando o servidor AntiCP 2.0, tendo como alvo a proteína ABL. Em seguida as sequencias foram realizadas caracterizações biológicas, química e física tais com avaliação do potencial tóxico e resistência à proteólise utilizando ferramentas online. As estruturas 3D dos peptídeos foram construídas utilizando o servidor PepFOLD. Para realização do docking molecular a estrutura da ABL foi obtida do banco de dados Protein Data Bank (PDB) e os servidores usados foram ClusPro 2.0 e FroDock. Por fim as análises das interações foram feitas com os softwares Ligplot, Discovery e Pymol para a melhor visualização tridimensional e análise do cálculo de RMSD.

Resultados

De 978 sequencias peptídicas produzidas, três foram escolhidas baseada na baixa toxicidade, modelo tridimensional estável e resistência a proteólise. A baixa toxicidade e resistência a proteólise são características importantes avaliando a possível aplicação dos peptídeos na clínica. Interessantemente, todos os peptídeos apresentaram ligações com a proteína ABL distante do sítio ativo, possivelmente em um sítio alostérico. Essa interação no sítio alostérico é interessante por dois motivos 1) não existe competição com o substrato nativo da proteína e 2) reduz as chances de desenvolvimento de resistência. Outro resultado interessante, é a mudança na estrutura da ABL após interação com os peptídeos, o que sugere a perda de função da proteína.

Conclusões

A interação dos peptídeos com a proteína ABL resulta em mudanças conformacionais sugerindo perda de função da ABL e consequente influência no seu papel para a célula cancerígena. Dessa forma o estudo in vitro e in vivo com o intuito de constatar a interação dos peptídeos com as células. Se confirmada, in vitro, a perda de função da ABL pelos peptídeos, abre-se uma possibilidade de um novo tratamento para a LMC.

Palavras-chave

Peptídeos; ABL; Leucemia Mieloide Crônica

Financiador do resumo

Raquel Carvalho Montenegro (305459/2019-8), Pedro Filho Noronha Souza (305003/2022-4), Felipe Pantoja Mesquita agradece a concessão da bolsa de pós-doutorado (programa PDJ - número 151388/2022-9).

Área

Pesquisa básica / translacional

Autores

ISADORA DE ALMEIDA GOMES, Ana Beatriz da LIMA, Daiane Maria da Silva Brito, Raquel Carvalho Montenegro, Maria Elisabete Amaral de Moraes, Felipe Pantoja Mesquita, Pedro Filho Noronha de Souza