Dados do Trabalho


Título

Função e satisfação sexual em pacientes em uso de hormonioterapia para câncer de mama atendidas em um serviço de referência em Minas Gerais, Brasil

Introdução

Atualmente, um dos principais objetivos em oncologia é recuperar as funções socioemocionais pré-câncer, muito afetadas pelos efeitos adversos das terapias anticâncer. Nesse sentido, o uso da hormonioterapia em mulheres com câncer de mama acarreta secura vaginal, dispareunia, redução da libido e distúrbios de imagem corporal, o que impacta a função e a satisfação sexual. Apesar de frequentes, os prejuízos à sexualidade são pouco contemplados na prática clínica e em estudos científicos.

Objetivo

Avaliar o impacto da hormonioterapia sobre a função e a satisfação sexual em mulheres com câncer de mama em um serviço de referência em oncologia na Zona da Mata Mineira.

Métodos

Estudo transversal realizado em um serviço de referência em oncologia das redes pública e privada de Juiz de Fora, MG. A amostra foi composta por mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre 2014 e 2016. Na análise estatística, foi realizada primeiro uma análise descritiva para determinar a distribuição e prevalência das variáveis, seguida da análise da associação, considerando-se função e satisfação sexuais como variáveis dependentes, estratificadas pela faixa etária. Estas foram aferidas pelo questionário EORTC-BR 23, assim como os domínios correspondentes e as variáveis preditoras para o uso da hormonioterapia. As análises foram processadas no software Statistical Package for the Social Sciences - SPSS (versão 20.0, IBM Corp., Estados Unidos), admitindo-se o nível de significância para a inferência estatística de 5%.

Resultados

Das 107 mulheres incluídas no estudo, 75 tinham ≥ 50 anos. Nessa faixa etária, 68 pacientes foram submetidas à hormonioterapia, das quais 58 (85,3%) apresentaram baixa função sexual, contra 4 (57,1%) daquelas que não utilizaram hormonioterapia (p=0,095). Nesse mesmo grupo etário, 17 (48,6%) das mulheres em terapia hormonal apresentaram baixa satisfação sexual dentre as 35 em que o questionário correspondente foi aplicado, comparado a 2 (40%) entre as que não utilizaram hormonioterapia (p=1,0). Quanto aos 32 indivíduos < 50 anos, 27 foram tratados com terapia hormonal, dos quais 17 (63%) tiveram baixo score de função sexual, em relação a 4 (80%) daqueles não tratados (p=0,637), enquanto 10 (52,6%) tiveram baixa satisfação sexual dentre aqueles testados nesse domínio, versus 2 (40%) daqueles sem hormonioterapia (p=1,0).

Conclusões

Sugere-se que mulheres com câncer de mama submetidas à hormonioterapia possuem maiores prejuízos à sexualidade, sobretudo a partir de 50 anos, indicando que as alterações hormonais associadas à menopausa podem agravá-los. Tais achados enfatizam a importância de uma abordagem direcionada para a gestão da função sexual nessa população. No entanto, reconhecemos que uma amostra mais numerosa poderia proporcionar resultados mais robustos e salientamos a necessidade de novos estudos.

Palavras-chave

Câncer de mama; Hormonioterapia; Sexualidade

Financiador do resumo

Não há.

Área

Estudo Clínico - Tumores de Mama

Autores

SOFIA FIORINI CARDOSO, EDUARDA SILVA KINGMA FERNANDES, ANGÉLICA ATALA LOMBELO CAMPOS, RAFAELA RUSSI ERVILHA, JANE ROCHA DUARTE CINTRA, MAXIMILIANO RIBEIRO GUERRA, MARIA TERESA BUSTAMANTE TEIXEIRA