Dados do Trabalho


Título

Mecanismos somáticos e germinativos raros da síndrome de Lynch-Lik

Introdução

A condição conhecida como Síndrome de Lynch-like (SLL) refere-se a um grupo de pacientes com câncer colorretal (CCR) ou câncer de endométrio (CE) com tumores deficientes nos genes MMR (dMMR) sem alterações germinativas e sem as causas esporádicas mais comuns (como metilação de MLH1 e mutação de BRAF). Para a implicações clínicas da dMMR, estudos são necessários para diferenciar e analisar as possíveis causas somáticas e germinativas dessa condição, possibilitando decisões terapêuticas adequadas.

Objetivo

O presente estudo tem como objetivos: Avaliar a metilação de MLH1 e mutações em BRAF de pacientes suspeitos para SLL; avaliar nos casos de SLL a frequência de causas somáticas de dMMR através do sequenciamento somático dos genes MMR, avaliar a frequência de alterações germinativas raras que levem à dMMR através de sequenciamento de RNA constitutivo.

Métodos

Utilizaremos os bancos de dados do laboratório de diagnóstico genômico e do departamento de Oncogenética do A.C Camargo Cancer Center (ACCCC), além de resultados prévios do nosso grupo de pesquisa para coletar informações clínicas de pacientes com suspeita de Síndrome de Lynch (CEP 3415/23). Serão extraídos o DNA e RNA de tumor e leucócito de amostras armazenadas no biobanco da instituição. Para verificar a presença de metilação do promotor de MLH1 e mutações BRAF será utilizada a técnica de amplicon com sequenciamento NGS. O sequenciamento somático dos genes MMR será feito um painel multigênico na plataforma Ion Torrent. Para investigar alterações germinativas raras não detectáveis por análise de DNA, realizaremos sequenciamento de RNA constitutivo na plataforma Illumina, com um protocolo de captura dos genes de interesse.

Resultados

O levantamento de pacientes do ACCCC suspeitos para SLL revelou 29 casos suspeitos para SLL, sendo eles 15 casos de CCR, 11 de CE e 3 de câncer gástrico. A causa mais frequente de dMMR foi a perda MLH1/PMS2 (79%), seguida por MSH2/MSH6 (10%) e MSH6 (6,8%). Os tumores dos casos selecionados foram solicitados ao biobanco, para darmos andamento com as análises de metilação de MLH1, mutação de BRAF e análise de mutação somática em MMR. Até o momento, um caso de um paciente com CCR aos 28 anos e perda de MLH1 e PMS2 foi avaliado no estudo. O tumor era negativo para mutação em BRAF e metilação em MLH1. O sequenciamento somático revelou a mutação c.991G>T; p.(Glu331Ter) no gene MLH1 com frequência alélica de 69%. Foi realizado o sequenciamento dessa mutação em 3 pólipos de baixo grau retirados em outras porções do intestino e todos foram negativos para a mutação, excluindo a possibilidade de mosaicismo genético e confirmado o caso como um CCR esporádico.

Conclusões

A identificação das causas de dMMR apresenta implicações clínicas para o manejo do paciente e seus familiares, como ilustrado no caso já avaliado. Esperamos contribuir com a caracterização das causas somáticas e germinativas raras da SLL, para auxiliar no seguimento mais adequado pra esses pacientes.

Palavras-chave

Síndrome de Lynch-like, câncer colorretal, dMMR

Financiador do resumo

FAPESP 2014/50943-1 e CNPq 465682/2014-6.

Área

Pesquisa básica / translacional

Autores

THAINA MARIA RODRIGUES NASCIMENTO, Isabela Hatisuka de Carvalho, Gabriel Oliveira Dos Santos, Louise de Brot Andrade, Samuel Aguiar Junior, Glauco Baiocchi Neto, José Claudio Casali da Rocha, Dirce Maria Carraro, Giovana Tardin Torrezan