Dados do Trabalho


Título

Assistência à pessoa com câncer de pele na região Centro-Oeste do Brasil

Introdução

O câncer de pele (CP) é classificado como câncer de pele não melanoma (CPNM), que corresponde ao carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma de células escamosas (CCE), e o câncer de pele melanoma, que possui menor incidência e maior letalidade que os demais. No Brasil, a região centro-oeste é marcada por forte exposição à radiação solar e possui o agronegócio como principal atividade econômica, o que favorece a maior incidência de câncer de pele na população da região.

Objetivo

Considerando a alta prevalência de CP, a complexidade do tratamento de acordo com o tipo e a necessidade de identificar déficits na assistência oncológica, nosso objetivo é caracterizar os casos de câncer de pele nos residentes da região centro-oeste do Brasil.

Métodos

Este estudo ecológico, analítico, de série temporal, analisou as características sociodemográficas, clínicas e de atendimento dos residentes dessa região. Os dados foram coletados em sites de domínio público do Integrador de Registros Hospitalares de Câncer (IRHC), do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). Foram incluídos os casos de câncer registrados entre 2008-2018 no IRHC, de usuários residentes nas 4 unidades federativas (UF) do centro-oeste, com localização do tumor em C.44 (pele), código morfológico CBC, CCE e melanoma, e casos com plano terapêutico, tratamento e seguimento na mesma unidade hospitalar. Variáveis como sexo, idade, topografia e tipo do câncer de pele, UF de residência, UF da unidade hospitalar do primeiro tratamento, primeiro tratamento, data do diagnóstico e data do início do tratamento foram avaliadas. Medidas de associação entre as variáveis foram realizadas com o teste de Fisher e de Qui-quadrado.

Resultados

Cerca de 90% dos casos registrados tiveram a cirurgia como primeira abordagem terapêutica, porém 53% dos casos de melanoma foram tratados com terapia sistêmica. Em relação ao local do primeiro tratamento, 42,2% dos casos registrados foram encaminhados para outra UF. 77,9% dos casos registrados em GO iniciaram tratamento em outra UF, enquanto quase todos os casos do DF realizaram o primeiro tratamento no DF. Iniciar o tratamento em uma UF diferente da UF de residência se associou com casos de CBC e CCE, comparado aos de melanoma. Iniciar o tratamento com radioterapia se associou com inicio de tratamento em UF diferente, enquanto 92% dos casos de tratamento sistêmico foram feitos na UF de residência. GO (77,3%) e MT (42,5%) foram os estados que mais encaminharam usuários para outra UF, e São Paulo foi o que mais recebeu usuários da região. Quando avaliado a mortalidade, o número de óbitos por câncer de pele aumentou 44% no período avaliado, com destaque para GO e MS.

Conclusões

Os resultados destacam a necessidade de encaminhar pacientes do centro-oeste para outras UFs para o tratamento de CP, que resulta da dificuldade de acesso aos serviços de saúde e do déficit na assistência oncológica. Apesar de termos avaliado apenas CP, englobamos subtipos com menor gravidade (CPNM) com os de maior complexidade (melanoma), o que pode refletir a assistência do SUS aos pacientes oncológicos da região como um todo, colaborando para o planejamento de políticas públicas mais eficientes.

Palavras-chave

Câncer de pele;
Registros Hospitalares;
Assistência Oncológica;

Financiador do resumo

Fundect.

Área

Estudo Clínico - Tumores Cutâneos

Autores

BRUNA NATHALIA SANTOS, ARIANNE TIEMI JYOBOJI MORAES ITO, ANA CLARA URCELINA REZENDE PRADO, FERNANDA LUIZA MENEZES BELLO, ADEIR ARCHANJO DA MOTA, SARA SANTOS BERNARDES