Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO PSICODINÂMICA DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA NO PROCESSO ADAPTATIVO DO TRATAMENTO

Introdução

A adaptação psicológica frente ao diagnóstico do câncer de mama constitui-se como um processo complexo e multifacetado, incluindo procedimentos interventivos, tomada de decisão compartilhada e mudança no estilo de vida em prol do tratamento. Esse processo é influenciado diretamente pela dinâmica da personalidade que, por sua vez, interfere na percepção que as mulheres possuem sobre sua condição clínica, o que demanda atenção dos profissionais de saúde nas linhas de cuidado.

Objetivo

Avaliar as características tipológicas de personalidade, em associação às adaptações internas e externas, realizadas no processo do tratamento do câncer de mama.

Métodos

O estudo é de natureza clínico-qualitativa, realizado com seis mulheres diagnosticadas com câncer de mama há mais de seis meses; e com idade mínima de 18 anos. O recrutamento ocorreu em um Ambulatório de Mastologia, vinculado a uma universidade comunitária do sul do Brasil, após aprovação do Comitê de Ética, sob o Parecer Consubstanciado nº 3.959.215. Para coleta de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada; Questionário de Avaliação Tipológica de Personalidade; e técnica de associação de palavras, que consistia em solicitar a representação simbólica a respeito da “saúde”, “doença”, “corpo”, “mulher” e “vida”. A análise tipológica foi realizada por meio do modelo quaternário cruciforme das funções psíquicas, contemplando a relação entre as atitudes psicológicas introversão e extroversão e as funções ectopsíquicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. A psicodinâmica no percurso adaptativo com o câncer de mama foi analisada com base no processamento simbólico de Carl Gustav Jung.

Resultados

As participantes apresentaram uma média de idade de 53 anos, com diagnóstico de câncer de mama entre um e dois anos, em tratamento com quimioterapia (6), mastectomia (5), radioterapia (4), imunoterapia (2) e hormonioterapia (1). Os esquemas cruciformes evidenciaram unilateralidade psíquica na tomada de decisão, com predomínio das funções psíquicas sentimento e sensação, em detrimento do pensamento. Estes perfis tendem a uma adaptação forçada, com preferência a tomar decisões considerando os valores pessoais, mesmo que as decisões não tenham lógica formal e objetividade. Revelaram eventos estressores significativos que antecedeu o diagnóstico de câncer, caracterizados por rupturas diante de eventos de morte, mudança de cidade e conflitos conjugais ou parentais. Seus relatos foram impregnados de sentimentos e reflexões diante das mudanças e adaptações internas e externas que emergiram do processo de adoecimento, com atitude predominantemente introvertida.

Conclusões

O estudo possibilitou reconhecer o movimento enantiodrômico da energia psíquica de mulheres em tratamento do câncer de mama, demonstrando que a tomada de decisões que prescinde da função psíquica pensamento é afetada com a doença. Deste modo, as estratégias de autorregulação emocional e apoio psicossocial nas linhas de cuidado são relevantes, favorecendo decisões compartilhadas que contemplem a subjetividade e necessidades evidenciadas no processo adaptativo com o tratamento.

Palavras-chave

Câncer de Mama. Personalidade. Adaptação Psicológica.

Financiador do resumo

Área

Estudo Clínico - Tumores de Mama

Autores

SUELI TEREZINHA BOBATO, Ana Maria da Costa Silva, Mayara de Paula Almeida Rodrigues