Dados do Trabalho


Título

Avaliação do rastreamento do câncer do colo do útero em Minas Gerais por meio de indicadores de processo utilizando dados do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN)

Introdução

O rastreamento do câncer do colo do útero (CCU) por meio do exame citopatológico é um método amplamente utilizado e capaz de minimizar a incidência e a mortalidade pela doença. Em 2022, estima-se que ocorreram 1.670 novos casos de CCU em Minas Gerais. O CCU é a sexta causa de morte por câncer no sexo feminino no estado, sendo registrados 452 óbitos em 2020. De forma sucinta, as diretrizes recomendam o rastreamento para mulheres na faixa etária entre 25 a 64 anos, com periodicidade trienal.

Objetivo

Avaliar as ações de rastreamento do câncer do colo do útero em Minas Gerais e suas macrorregiões de saúde no triênio 2020-2022, por meio da análise de indicadores de processo relativos à cobertura, adesão às diretrizes técnicas nacionais e qualidade dos exames citopatológicos, com base em dados secundários do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN).

Métodos

Trata-se de um estudo observacional, descritivo e do tipo ecológico. Os indicadores foram selecionados e analisados de acordo com a Ficha Técnica de Indicadores das Ações de Controle do Câncer do Colo do Útero, elaborada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Quanto à cobertura e adesão às diretrizes nacionais, os seguintes indicadores foram avaliados: Cobertura de exames citopatológicos na população alvo e Proporção de exames em relação à faixa etária alvo e periodicidade trienal. Em relação à qualidade dos exames analisou-se: Proporção de amostras insatisfatórias, Proporção de exames com representatividade da Zona de Transformação (ZT), Índice de positividade, Proporção de exames compatíveis com atipias de significado indeterminado em células escamosas (ASC), Proporção de resultados de lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) e Proporção de exames liberados em até 30 dias. Os indicadores foram calculados para as 14 macrorregiões de Minas Gerais a partir de dados secundários disponíveis no SISCAN.

Resultados

Entre 2020 e 2022 foram realizados 1.567.650 exames citopatológicos do colo do útero no estado. Nesse período, as coberturas de exames não alcançaram a meta de 80% e apresentaram uma redução em comparação ao triênio anterior, possivelmente devido à pandemia do Covid-19. Cerca de 85% dos exames foram realizados na população alvo, portanto, a meta de 80% foi atingida. Com relação a periodicidade trienal, todas as macrorregiões exibiram percentual muito abaixo dos 85% esperados. Quanto à qualidade dos exames, todas as macrorregiões se enquadram nos parâmetros acerca da proporção de amostras insatisfatórias abaixo de 5% e de exames compatíveis com ASC (< 5%). No entanto, nenhuma macrorregião alcançou o parâmetro referente a representatividade da ZT e a maioria não atingiu a proporção de resultados de HSIL. Apenas as macrorregiões Jequitinhonha, Noroeste e Triângulo do Sul alcançaram o índice de positividade e somente a macrorregião Leste apresentou um percentual satisfatório de exames liberados até 30 dias.

Conclusões

Apesar de dispor de recomendações bem definidas pelos órgãos de saúde, o estado de Minas Gerais ainda apresenta um padrão de rastreamento do CCU aquém das metas estabelecidas. Os resultados do presente estudo indicam a necessidade de aprimorar o programa de rastreamento do CCU no estado, visando o impacto na incidência e mortalidade pela doença.

Palavras-chave

Neoplasias do Colo do Útero; Indicadores de Processo; Sistemas de Informação

Financiador do resumo

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)

Área

Estudo Clínico - Tumores Ginecológicos

Autores

MICAELA APARECIDA FARIA MENDES, Mário Círio Nogueira, Caroline Madalena Ribeiro, Maximiliano Ribeiro Guerra, Daniela Almeida Pereira, Maria Teresa Bustamante-Teixeira