Dados do Trabalho


Título

Análise de sobrevivência de pacientes oncológicos infantojuvenis com tumores sólidos no Estado de São Paulo, Brasil, de 2000 a 2022

Introdução

O Estado de São Paulo abrange cerca de 25,0% do total de casos estimados e 13,0% da totalidade de óbitos do país, no tocante aos tumores sólidos, excetuando as neoplasias de pele não melanoma, sendo o Estado com maior taxa de morbimortalidade por câncer infantojuvenil.

Objetivo

Analisar a curva de sobrevivência e os desfechos clínicos de pacientes infantojuvenis com tumores sólidos, exceto as neoplasias de pele não melanoma, de 0 a 19 anos, de ambos os sexos, no Estado São Paulo, de 2000 a 2022.

Métodos

Estudo epidemiológico descritivo, com dados secundários extraídos e disponibilizados pela Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo, selecionados segundo à Classificação Internacional de Câncer na Infância. Foram avaliados o tempo decorrido entre a consulta e o diagnóstico; entre o diagnóstico e o início do tratamento oncológico. Para estudar o tempo decorrido foi adotado a análise de sobrevivência, na qual o evento de interesse (falha) é a ocorrência de óbito por câncer. Como variáveis independentes para este estudo foram consideradas: tratamento, sexo (masculino, feminino), ocorrência de recidiva (sim, não). As análises realizadas foram estratificadas por grupo. Para a análise descritiva das variáveis de desfecho foram utilizadas medidas de tendência central como média e mediana e de dispersão como o desvio-padrão, mínimo e máximo. Para a análise das curvas de sobrevivência, adotou-se o cálculo por meio do teste Peto-Peto.

Resultados

Foram analisados 16.741 (100,0%) casos de neoplasias sólidas infantojuvenis, sendo a maioria 8.429 (50,3%) no sexo masculino. As cinco principais neoplasias analisadas por grupos, em relação à CICI, foram: 3.792 (22,7%) do Sistema Nervoso Central (CICI-III), 2.337 (14,0%) de tumores ósseos malignos (CICI-VIII), 2.055 (12,3%) de tecidos moles (CICI-IX), 1.566 (9,4%) de tumores de células germinativas (CICI-X) e 1.388 (8,3%) de retinoblastomas (CICI-V). Quanto à média de tempo entre a consulta e o diagnóstico, em dias, foi de 24,24 ± 38,51 [1;180]; e, em relação à média de tempo entre o diagnóstico e início do tratamento, em dias, foi de 25,77 ± 41,38 [1;180]. O tratamento mais instituído foi a cirurgia combinada da quimioterapia em 4.282 (25,6%). Quanto ao tempo entre a consulta e o diagnóstico, o grupo de pacientes (III) e o (IX) apresentaram as piores taxas de sobrevida, com cerca de 40 dias. Quanto ao tempo entre o diagnóstico e o tratamento, o grupo de pacientes (III) e (VIII) tiveram as menores tendências de sobrevivência, em torno de 50 dias. Destaca-se que 9.003 (53,8%) deles estavam vivos, 4.549 (27,2%) tinham ido a óbito por causa do câncer e 458 (2,7%) por outras causas.

Conclusões

Os dados contribuíram, para a identificação da média e mediana em função do tempo entre a consulta e o diagnóstico; entre o diagnóstico e o início de tratamento oncológico, além de demonstrar, as diferenças no tocante às curvas de sobrevivência, à agressividade da neoplasia e às variáveis descritivas dos tumores sólidos no Estado de São Paulo. Ademais, os resultados deste estudo contribuíram para a avaliação da prontidão da assistência prestada, colaborando com a discussão acerca do direcionamento das ações de controle (detecção precoce e adoção de protocolos padronizados) e de tratamento voltadas para o câncer infantojuvenil dentro da rede de Atenção ao Câncer.

Palavras-chave

Sobrevivência. Tumores sólidos. Câncer Infantojuvenil.

Financiador do resumo

Programa de Iniciação Científica e de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Universidade de São Paulo (Resolução CoPq 7.236/2016).

Área

Estudo Clínico - Tumores Pediátricos

Autores

PEDRO EMILIO GOMES PRATES