Dados do Trabalho


Título

Vivências e percepções dos efeitos adversos após a braquiterapia pélvica

Introdução

Braquiterapia é empregada como tratamento de cânceres ginecológicos, no entanto ocasiona toxicidades imediatas e tardias. Em uma instituição oncológica de Santa Catarina, o enfermeiro realiza consultas de enfermagem no curso da braquiterapia, orientando sobre os efeitos adversos durante e após o tratamento e quanto a necessidade de seguimento com a fisioterapia para tratamento da estenose vaginal, disfunções sexuais, intestinais e urinárias.

Objetivo

Conhecer os efeitos adversos vivenciados e as percepções das mulheres com câncer ginecológico após a braquiterapia

Métodos

Estudo descritivo, com abordagem qualitativo, realizado em um hospital Oncológico do Sul do Brasil, incluindo 34 mulheres com câncer ginecológico, histerectomizadas e não histerectomizadas, seis meses ou mais após término da braquiterapia, em seguimento no serviço de Fisioterapia. Excluindo mulheres com recidiva do câncer ginecológico, com alterações clínicas que impedissem a comunicação no momento da coleta de dados, ocorrida entre novembro e dezembro de 2020, em prontuário e por entrevista semiestruturada (dados sociodemográficos e clínicos, percepções das mulheres sobre os efeitos colaterais), gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo, incluindo regras de enumeração. Apreciação ética sob o parecer número 4.050.347 (proponente) e 4.133.605 (coparticipante). Anonimato mantido por codificação para participantes.

Resultados

88% com câncer de colo de útero, 88% não histerectomizadas, 100% realizaram teleterapia e braquiterapia. Alterações do canal vaginal (24 relatos), como sangramento, ressecamento, dor, ardência e estenose vaginal: bastante corrimento, quando eu mantinha relações sangrava (M04); ressecou bastante o canal vaginal (M24); a vagina ficou um pouco mais fechada (M10). Alterações sobre o trato urinário (13 relatos), incontinência urinária e disúria aguda: só terminei a radio e comecei a braqui, queimou muito, e como se utiliza sonda para fazer a braquiterapia, meu canal da urina estava todo inflamado da radio, foi muito sofrido (M01); agora não consigo mais segurar o xixi, a musculatura não tem mais força (M36). Alterações no comportamento sexual (24 relatos), associadas ao tratamento oncológico e alterações psicológicas: não senti mais vontade de fazer sexo, não tive mais orgasmo, tenho que até mentir (M05); fiquei com medo de voltar a ter relação por causa da dor, mudou a relação, porque entrei na menopausa, mudou humor, vontade (M14).

Conclusões

Os efeitos colaterais mudam o viver das mulheres após a braquiterapia. Assistência e educação em saúde durante e no seguimento do tratamento contribuem para uma melhor qualidade de vida. A estenose vaginal e demais efeitos adversos ainda são subnotificados e subtratados, tornando-se essencial a realização de novos estudos para melhor compreensão do impacto causado na vida das mulheres e a elaboração de protocolos de cuidados para melhor controle e cuidados a serem implantados.

Palavras-chave

Braquiterapia; Neoplasia dos Genitais Femininos; Enfermagem Oncológica;

Financiador do resumo

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) 2020-2021 vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

Área

Outros temas, Relatos de casos ou revisão de literatura

Autores

MARIA EDUARDA HAMES, Luciana Martins da Rosa, Mirela Dias