Dados do Trabalho


Título

A hiperativação de NRF2 confere resistência à ferroptose e resistência à cisplatina em CPCNP

Introdução

Mutações na via KEAP1/NRF2 ocorrem em cerca de 25% dos casos de carcinoma pulmonar de células não pequenas (CPCNP) e têm sido associadas à resistência à quimioterapia. A ferroptose, uma forma recentemente descrita de morte celular regulada dependente de ferro, é desencadeada pela lipoperoxidação excessiva. A disponibilidade de glutationa inibe esse processo de morte celular. É importante ressaltar que o fator transcricional NRF2 induz a expressão de diversos genes relacionados ao metabolismo da glutationa.

Objetivo

Nesse contexto, este estudo visa analisar a resposta de linhagens celulares de CPCNP com diferentes níveis de expressão de NRF2 à indução de ferroptose e ao tratamento com quimioterápicos, como a cisplatina.

Métodos

Primeiramente, utilizamos bioinformática para observar a correlação da assinatura gênica de NRF2 com a assinatura de ferroptose em pacientes de CPCNP do Atlas do Genoma do Câncer (TCGA). Nos testes in vitro utilizamos as linhagens celulares de CPCNP A549, com alta expressão de NRF2 devido a uma mutação em KEAP1, e NCI-H23, com baixa expressão de NRF2, além de silenciamento (shRNA) e superexpressão (CRISPR-Cas9) de NRF2 nas linhagens A549 e NCI-H23, respectivamente. Avaliamos a resposta ao indutor de ferroptose RSL3, e ao inibidor de ferroptose ferrostatina, bem como a resposta ao tratamento com cisplatina nessas linhagens celulares. Também, observarmos a sinergia da indução de ferroptose com o tratamento utilizando quimioterápicos.

Resultados

Os resultados demonstraram uma correlação entre a assinatura NRF2 e a ferroptose em tumores com expressão regular de NRF2, entretanto, tumores com superexpressão do fator de transcrição reduziram significativamente essa correlação, indicando que a ferroptose não está relacionada com a superexpressão do fator transcricional. Em ambas as linhagens celulares com superexpressão de NRF2 (A549 e NCI-H23OE), observou-se uma resistência significativa à indução de ferroptose em comparação com aquelas com baixa expressão e silenciamento de NRF2 (NCI-H23 e A549sh). Da mesma forma, a superexpressão de NRF2 conferiu resistência ao tratamento com cisplatina, enquanto o silenciamento de NRF2 ressensibilizou a linhagem celular ao tratamento quimioterápico. A indução de ferroptose também sensibilizou as linhagens com alta expressão de NRF2 ao tratamento com quimioterápico.

Conclusões

Nossos dados, até o momento, indicam que a via NRF2 hiperativa confere resistência à morte celular por ferroptose, assim como a redução da expressão de NRF2 ressensibiliza as linhagens celulares de CPNPC ao tratamento com cisplatina. Além disso, a indução de ferroptose demonstra sinergia com o efeito do tratamento quimioterápico, sendo uma importante via a ser investigada no tratamento de CPCNP.

Palavras-chave

Câncer de Pulmão; Ferroptose; NRF2

Financiador do resumo

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP #2023/04387-9, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Área

Estudo Clínico - Tumores de Pulmão e Tórax

Autores

KAROLINE ALMEIDA LIMA, CLARISSA RIBEIRO REILY ROCHA