Dados do Trabalho


Título

MUCOCELE DE APÊNDICE: RELATO DE CASO

Introdução

A mucocele de apêndice é uma rara patologia, com incidência de 0,2 a 0,4% de todas as apendicectomias, descrita inicialmente pelo austríaco Carl Freiherr von Rokitansky em 1842. O termo mucocele foi utilizado por Fere pela primeira vez em 1876, para descrever um apêndice alargado, com conteúdo gelatinoso. Está associada a três fatores: obstrução da luz apendicular, dilatação do apêndice devido ao acúmulo de secreção mucinosa e característica estéril da secreção e inclui 4 entidades bem descritas. Tem uma incidência maior no sexo feminino (4:1) e entre a quinta e sexta décadas de vida, porém casos ocorrentes na terceira década de vida também são descritos. Os achados clínicos e apresentação são inespecíficos ou assintomáticos e, em cerca de 50% dos casos, o diagnóstico pré-operatório é difícil devido à falta de especificidade dos sintomas, por isso, acaba por ser um achado cirúrgico ou de exames de imagem solicitados por outras causas.

Objetivo

Relatar um caso de mucocele de apêndice.

Métodos

Revisão de prontuário.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 55 anos, branca.
Procurou atendimento médico devido à dor abdominal de moderada intensidade há cinco anos. Refere que os sintomas iniciaram com dor em fossa ilíaca direita e região lombar há 5 anos, de forma localizada, sem irradiação, sem fatores de melhora ou piora, quando começou a tratar lombalgia. Nesse ano, buscou atendimento graças a piora da dor.
Ao exame físico geral, estava em bom estado geral, corada, hidratada, acianótica, anictérica, eutrófica e nutrida, negando emagrecimento. Os exames cardiovascular e pulmonar apresentaram-se sem alterações. O abdome estava globoso, flácido, doloroso a palpação superficial e profunda em fossa ilíaca direita com ruídos hidroaéreos presentes.
Devido a sintomatologia foram solicitados um ultrassom de abdome total que evidenciou imagem cística tubuliforme em região anexial direita, de aspecto simples, de contornos regulares e conteúdo anecoico, medindo 13,3 x 5,2 x 4,3 cm, sem septos, calcificações ou fluxo ao Doppler e ressonância magnética da pelve que demonstrou formação cística alongada em região anexial, mergulhante na região anexial, apêndice cecal não individualizado.
Foi realizada uma cirurgia exploradora que resultou em apendicectomia e o produto enviado para análise histopatológica que resultou em mucocele de apêndice, sem critérios histológicos de malignidade. A paciente obteve alta após o procedimento cirúrgico e retornou as atividades habituais em 45 dias, sem mais episódios álgicos.

Conclusões

Quando sintomático, o paciente pode queixar-se de dor em quadrante inferior direito, distensão abdominal e massa palpável ao exame físico ou autoexame, sendo a dor abdominal o sintoma mais comum. Febre, anorexia, náuseas, vômitos e perda ponderal podem estar associados, assim como sintomas urinários, de apendicite aguda e quadros ginecológicos. Além disso, a sintomatologia está mais associada a patologias malignas. Desde que as margens de ressecção sejam claras a apendicectomia é curativa para mucoceles apendiculares não rotas de origem benigna. No entanto, por causa da raridade, existe falta de diretrizes baseadas em evidências para o manejo dessas lesões.

Palavras-chave

Mucocele de apêndice. Apendicectomia. Mucocele.

Financiador do resumo

Área

Estudo Clínico - Tumores Colorretais

Autores

RAISSA SILVA FROTA, Vitória Pereira Reis, Amanda Oliva Spaziani, Gustavo Henrique da Silva, Rauer Ferreira Franco, Anieli de Lima Turini da Conceição