Dados do Trabalho


Título

Efeito da pandemia de COVID-19 no tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento em mulheres com câncer de mama no Estado de São Paulo, 2000-2021

Introdução

O câncer de mama é a neoplasia maligna de maior incidência no Mundo. No Brasil ela ocupa o 1º lugar em incidência na população feminina representando 30% dos novos casos; entre as mortes por câncer, é a 2ª causa mais frequente representando 8% dos casos. Na região sudeste do país, a incidência é de 69,39 novos casos por 100 mil mulheres. Entre as consequências da pandemia pelo SARS COV 2 (COVID-19) observamos que pacientes com doenças crônicas, como o câncer, tiveram atraso no diagnóstico e, portanto, no início do tratamento.

Objetivo

Comparar os tempos entre diagnóstico e início do tratamento em mulheres com câncer de mama nos períodos pré-pandemia e durante a pandemia no Estado de São Paulo de forma a contribuir com informações epidemiológicas para o aperfeiçoamento das medidas de enfrentamento do câncer no Brasil.

Métodos

Foram incluídas informações anonimizadas de pacientes com câncer de mama do Sistema do Registro Hospitalar de Câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo (SISRHC-FOSP), no período de 2000 a 2021, agrupados em três períodos (2000-2013, 2014-2019 e 2020-2021), considerando também a Lei dos 60 dias (12.732/12), em vigor desde 2013, em que é estabelecido que pacientes com câncer devem iniciar o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) até 60 dias após o diagnóstico. A apresentação das características sociodemográficas e clínicas se realizou através de frequências absolutas e relativas (variáveis qualitativas) ou de medidas de tendência central e dispersão (variáveis quantitativas). A comparação entre grupos foi realizada pelo teste t de Student (dois grupos) ou pela análise de variância (três grupos) para variáveis quantitativas e pelo teste qui-quadrado de Pearson para associação entre variáveis qualitativas. O nível de significância adotado foi de 5%. As análises foram realizadas no SPSS for Windows v.25.

Resultados

No período de 2000 a 2021 foram diagnosticadas 135.691 mulheres com câncer de mama no Estado de São Paulo (2000-2013: 56%; 2014-2019: 35,2% e 2020-2021: 8,8%). A média da idade no diagnóstico foi de 56,2 anos, variando entre 18 e 103 anos. Dos casos com informação de escolaridade, observou-se que 61% tinham até ensino médio. 50,6% chegaram no centro clínico sem diagnóstico prévio. O número de casos com estadiamento clínico desconhecido aumentou em 143% no período da pandemia comparado com o período anterior. No período de 2000-2013, 2,1% não realizaram tratamento, comparado com 2,7% e 3,9% nos períodos de 2014-2019 e 2020-2021, respectivamente. As médias dos tempos entre o diagnóstico e o tratamento foram de 65, 93 e 97 dias de acordo com os três períodos estudados (p<0,001). Esse aumento do tempo até o tratamento também foi observado quando analisado para mulheres com 40 anos ou mais (66, 95 e 97 dias) e com menos de 40 anos (64, 79 e 89 dias) para os períodos pré-pandemia e pandemia.

Conclusões

A pandemia de COVID-19 mudou a perspectiva de vida e o tratamento de doenças crônicas como o câncer foi prejudicado. No Brasil, apesar da lei que estabelece o início do tratamento para pacientes com câncer em até 60 dias, foi difícil cumprir tal prazo. Observou-se que no Estado de São Paulo esse intervalo foi em média de 97 dias entre 2020 e 2021, maior que em períodos anteriores, o que pode ter influenciado na recuperação e sobrevida das pacientes.

Palavras-chave

Tempo até o tratamento, câncer de mama, COVID-19

Financiador do resumo

Área

Estudo Clínico - Tumores de Mama

Autores

ADRIANA LIMA, EDIA FILOMENA DI TULLIO LOPES, ROSSANA VERONICA MENDOZA LOPEZ